Carta para o empreendedor que fui em 2012 Carta para o empreendedor que fui em 2012

Carta para o empreendedor que fui em 2012

Alessio Alionco
Alessio Alionco

Empreendedor Endeavor do Pipefy.

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Alessio, Os últimos meses não foram fáceis pra você. Se eu fecho os olhos, consigo sentir o gosto amargo que está na sua boca. Aquela sensação de quase ter chegado lá. Você sabe bem disso: a Acessozero poderia ter sido muito maior do que foi. Agora, em casa, você se sente um jogador do Paraná Club sentado no sofá, machucado e assistindo na Tv a final da Champions League. Parece impossível estar ali do outro lado em campo. Mas, sabe de uma coisa? De alguma forma, sua vida — e suas escolhas — vão te levar até lá. Empreender sempre foi o que você sonhou desde pequeno. Lembra quando você alugava os patins pra gurizada do bairro, aí em Curitiba? E aquelas festas do Ensino Médio que rendiam cada vez mais a cada mês? Suas decisões sempre foram derivadas desse sonho de empreender. Fazer Administração de Empresas com certeza era uma delas. Foi lá que você conheceu a Endeavor, naquela palestra da Marília Rocca, lembra? E você não vai acreditar, mas o Tiago Dalvi continua te ensinando muito desde os tempos de empresa júnior — agora voando à frente do Olist. Foi na faculdade, também que, aos 19 anos, você decidiu criar a Acessozero. A ideia de fazer um guia local que fosse também um marketplace de serviços fazia muito sentido.
Financiamos nosso Fiat Brava 2001 e sem networking, nem investimento, começamos!
Os últimos 4 anos foram ótimos pra ganhar tração. Mas você — nós, na verdade — demoramos demais para crescer. Você olhou para o lado e viu: tem Groupon e Yelp vindo para o Brasil, Peixe Urbano entrando nesse mercado e o Apontador que levantou capital há pouquíssimo tempo. Esse já é um oceano vermelho! É claro que essa história pode ser contada de outro jeito. Um negócio criado do zero que chegou a 1 milhão de usuários cadastrados, 11 vezes mais lucrativo por visita que os players locais e vendido para um concorrente 20x maior em um deal que durou apenas duas semanas. Uma história de sucesso — mas que foi apenas 1% do que poderia ter sido. Talvez por isso, você ache impossível entrar em uma competição de gigantes. Criar um produto global, ter as conexões certas, impactar a vida das pessoas de verdade. Mas posso te contar uma coisa, Alessio? Essa história realmente mudou. Seis anos depois desse dia, aqui de 2018, posso te dizer com convicção: essa primeira experiência foi a melhor escola que você poderia ter tido. Hoje, com um escritório no Vale do Silício, um inglês bem melhor — as aulas de sábado de manhã realmente foram um bom investimento –, liderando 120 pessoas, oferecendo seu serviço para a Accenture, o Santander e a Volvo e triplicando de tamanho todo ano. Enquanto você trabalha na empresa que adquiriu seu negócio, durante esse primeiro ano de acordo selado depois da venda, fique atento às suas ligações. Logo mais as coisas vão mudar. E tudo vai começar pelo seu mindset. Sem brincadeira, metade do desafio é mudar o jeito como pensamos. Você não acreditaria se eu dissesse que tudo começou daí. É claro que o convite do Leo Frade foi um ótimo começo também. Ele vai te conectar a um israelense da rede da Endeavor para passar mais de quatro meses como consultor de produto para trabalhar com times internacionais em Tel Aviv e Haifa. Mas de toda essa experiência, tem um jantar que você nunca mais vai esquecer. Conversando com o CEO da aceleradora que você trabalha, te vem à mente uma pergunta. A resposta, no entanto, vai ser um grande tapa na cara. O que você não entendia, afinal, era como os israelenses conseguiam ser tão bons e competitivos em escala global, mesmo vivendo em um país tão pequeno. Ele te devolve a pergunta pedindo para você citar um negócio brasileiro que fosse líder global em tecnologia. Você ficou sem resposta. Foi assim que ele começou um discurso muito forte que até hoje ressoa na sua cabeça. Palavra por palavra. Consigo até repetir para você o que ele disse: “Alessio, somos o que somos justamente pelo motivo que você citou. Não temos mercado local, não temos indústria local, somos uma população pequena de 8 milhões de pessoas, cujo 1/3 trabalha para o governo, 1/3 para o exército ou algum fornecedor do exército… Não temos mercado local e justamente por não termos mercado local todo empreendedor israelense é obrigado a pensar e competir com qualidade global desde o primeiro dia do negócio. A gente empreende pensando em como vender para o mundo desde o começo e por esse motivo acabamos nos tornando globais. Os brasileiros focam no Brasil achando que é um mercado grande e seguro, mas enquanto isso o mundo anda muito mais rápido e a competição não respeita mais fronteiras…” Ele dizia que o brasileiro pensa pequeno, só se importa com mercado local, tem medo dos investidores…. Esse é você. Consegue se reconhecer? Sim, esse jantar vai te tirar o chão. Mas talvez esse é o impulso que você precisa. Voltando para o hotel, no táxi, vai surgir uma força maior do que jamais surgiu. Você vai tentar de novo. Aquele é o empurrão que vai te fazer voltar para o seu país, descer pro play e construir um negócio maior. Global desde o dia um. Escalável, grande, de alto crescimento. É isso que vai te tirar desse sofá que você está agora e te colocar de volta em campo. Aliás, a ideia de negócio você já descobriu. Pensa naquilo que mais te incomoda hoje trabalhando como gestor. Isso mesmo, a ineficiência dos processos, os tickets abertos para o TI que levam dias para serem resolvidos, os sistemas que parecem colchas de retalhos… Tudo isso vai ser incubado dentro de você por um ano e meio, validado com 40 empresas para você ter certeza de que a dor existe no mercado, até lançar um produto em 2013. Pois é, ano que vem você já tem nome, empresa e site — todo em inglês para cumprir o objetivo de ser global. É assim que nasce o Pipefy. O grande diferencial dele é ser um software de gestão de processos — que não precisa ser configurado pelo TI. O lançamento gratuito será um sucesso. O produto vai viralizar e dobrar de tamanho a cada ano, chegando em 140 países. Ah, e você vai voltar a sentar com o Anderson Thees para falar sobre investimento. Em duas horas de conversa, ele decidiu investir. Só que dessa vez vai voltar para casa com um aporte de US$ 16 milhões. Foda. Você vai começar a pensar em escala global. Ser mais agressivo, trocar mais com as pessoas, expandir sua rede de contatos, mirar o mais alto possível. Vai assumir que é possível até alguém te dizer o contrário. Acredite, é assim que você vai fechar contratos grandes e ainda entrar na 500Startups em 2015 — sendo a startup destaque daquele batch. Como isso é possível? Alessio, você vai aprender o que significa overexecution. É uma questão de matemática: se você gasta X de energia para ir do ponto A ao ponto B, vai começar a gastar 10X para ter certeza de que chegará lá. Será assim com a 500Startups. Na primeira vez que você aplicar, não vai conseguir. Mas na segunda, vai lembrar do conselho que o presidente da Harvard Angels te deu: faça tudo o que estiver ao seu alcance para conquistar o que quer. Você fará. Além de falar com todos os brasileiros que já foram para lá, analisar a apresentação deles e pedir dicas para o pitch, também vai mandar um e-mail para cada avaliador da banca falando sobre o Pipefy. Mais do que isso, você vai pagar por uma hora de mentoria no Clarity — gastando US$ 1.000 no cartão de crédito! — para falar com um mentor que estudou com o Dave McClure. No limite disso, ainda vai pegar uma grana e investir em anúncios de Facebook para todas as pessoas que trabalham na 500 pagando 100 dólares o clique. Olha isso. Você vai criar uma máquina de influência para ser aprovado no programa de aceleração! Isso é extrair o máximo de uma oportunidade. Até hoje não sei qual daquelas iniciativas foi decisiva para você entrar no programa, mas você foi chamado uma semana antes da turma começar. Well done. Hoje te escrevo de Buenos Aires. Acabei de receber a notícia do João Pedro Pace, seu novo gestor de contas da Endeavor. Você foi aprovado como Empreendedor Endeavor! Finalmente, tiramos da caixa o charuto que o Leo Frade te deu naquela viagem para o Painel Internacional da Endeavor na Colômbia. Consegue imaginar qual é a sensação de fumá-lo depois de 6 anos? Confesso para você que é diferente do que imaginei. A melhor coisa que poderia ter nos acontecido é guardar esse charuto por tanto tempo. Daqui de 2018, ele não tem o gosto de jogo vencido, vitória ganha. Você está nessa corrida, vivendo o campeonato da Champions League, mas ainda tem tanto pela frente que torce todos os dias para que nunca chegue a final. Talvez esse seja o gosto de fumar esse charuto: saber que o jogo está apenas começando. Um hábito que você vai adquirir é marcar cafés com empreendedores da Bay Area para aprender com eles, por meio de mentorias, como criar um negócio global. Empreendedores que te lembram o quanto ainda pode ser feito, se você continuar disposto a jogar. Continue no jogo, Alessio. Sinceramente, Alessio Alionço de 2018  
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